domingo, 21 de dezembro de 2008

Bossa Nenhuma

Hoje abrirei espaço e irei além das discussões de cinema para falar de música. Música nacional. 

Fato de que a cultura se reinventa. E isso é muito bom, pois cada vez mais, novos sons, novas letras e novas discussões são abertas em alguns minutos de música. 


Esta semana tive a oportunidade de ouvir o novo album da banda "Huaska". Para quem não conhece (e se não conhecem, tratem de conhecer), a banda criada em 2003, está despontando por seu estilo original, que consiste numa combinação inusitada de rock e samba.

O primeiro disco da banda "E Chá de Erva Doce" mostrou ao seu público-alvo que ali nascia um som novo, mesclando instrumentos dos dois gêneros e criando um estilo agressivo mas certeiro. Huaska podia até ser pesado de ouvir, mas impossível negar a qualidade e conhecimento dos músicos.

No segundo disco "Bossa Nenhuma", lançado pela Objeto Sonoro Records, a banda descansa um pouco seu lado pesado e dosa de forma impressionante o compasso do samba com as cordas da guitarra. A letras, muito bem escritas, parecem conversar diretamente com seus ouvintes e de certa forma, demonstram grande conhecimento e respeito da banda com seu público. Se no primeiro disco, "Huaska" apresentou seu estílo único, "Bossa Nenhuma" veio para sacramentar sua originalidade.

O disco começa com a transição perfeita entre as duas coletâneas. O mix de samba com a qualidade do rock dos caras se encontram em "Menos Eu". Logo em seguida, um dos pontos altos: A música clássica se encontra com a popular para estabelecer o tom da mais bela canção do album: "O Machete", baseado no conto homônimo de Machado de Assis, que traduz a dor de tomar uma decisão com o pesar de magoar uma outra pessoa.

O album, que explora um lado mais artístico dos músicos, segue mediando a combinação certeira em canções que exploram mais samba do que rock em algumas faixas e outras um tanto mais pesadas. Para encerrar, uma faixa que fala diretamente sobre obsessão por uma pessoa. E essa "loucura" fica mais clara quando as influências do grupo se convergm em um encerramento impressionante de um CD, que com certeza eleva a banda "Huaska" a um novo patamar de músicos e que certamente deverá garantir seu lugar ao Sol, pela inovação e originalidade que muitos buscavam pelas lojas de música dos dias atuais. 

De brinde, deixo temporariamente aqui o CD "Bossa Nenhuma", para que vocês possam curtir o som. Considerem um "presente de Natal". Mas certamente, quando lançar o CD, eu compro.

Nota 9,0

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Why So Serious?

Com o lançamento de "Batman - O Cavaleiro das Trevas" em DVD, o que deverá render aos distribuidores uma fatia generosa para o natal, e com a temporada de indicações aos prêmios de 2008, a figura de Heath Ledger e seu amalucado Coringa volta à tona. E inevitavelmente, volta à tona também Jack Nicholson e o Batman de 1989. 

Para ilustrar a discussão a seguir, vou colocar duas frases, cada uma delas defensoras do que julgam ser o melhor dos dois Coringas:

-"O Coringa é uma pessoa inteligente. Ele é o típico bandido que sabe das coisas e que conhece seu oponente, e não um maluco com um revólver. Não gostei do Heath Ledger."

-"Esse (Heath Ledger) é o Coringa de verdade! Ele tem que ser louco. Cada vez que ele improvisa qualquer coisa, piora para todo mundo. Fazia tempo que não sentia medo no cinema."

A verdade, caros amigos, é que nessa discussão, terei de ficar em cima do muro. Digo isso, porque tenho grande apreço pelo personagem de Jack Nicholson. Ele criou um vilão louco à sua forma em uma época onde o maior vilão do cinema de super-heróis até então, era Gene Hackman e seu saudoso Lex Luthor, que convenhamos, não representava lá uma ameaça à altura de seu nemesis. E bastou uma risada para, além de marcar uma geração, perdurar por quase duas décadas em inúmeras listas de melhor vilão (em algumas delas, batendo Darth Vader e ameaçando até Hannibal Lecter). 


Mas era um Coringa à moda antiga. Um Coringa cuja definição de caos era invadir um museu e sujar obras de arte. Jogar dinheiro para o povo se atropelar e em seguida fazê-los inalar gás venenoso. Era um coringa que chocou uma geração, que lotava os cinemas há 18 anos atrás. 

Méritos de Jack? Com certeza.

E em 18 anos, o que mudou? Em 18 anos, tivemos o fim da Guerra Fria, diversos atentados terroristas, guerras, crises, assassinatos, deposições de governos e por aí vai. O conceito de medo mudou. A idéia do que nos assusta mudou. O Coringa de Jack envelheceu. Passou a ser um vilão caricato. Simples. Hannibal Lecter ganhou posições com as sequências de "O Silêncio dos Inocentes" e Darth Vader ganhou manchetes com a nova trilogia de Star Wars. E agora, o que fazer, Batman?

Batman se reinventa. Se torna sombrio. Com raiva. Um homem não apenas traumatizado pela morte dos pais, mas um homem que deseja vingança de um sistema judiciário falido, que premia os "espertos". Em sua primeira aparição, bandidos corruptos, um vilão mediano e ao final, um gancho surpreendente: A carta de baralho embrulhada em um saco plástico. Depois de toda aquela reapresentação beirando a perfeição, a introdução de última hora do vilão de outrora, reinventado. A sequência estava a caminho.

E então, o Coringa de Heath Ledger entra em cena. Louco. Desvairado. Caótico. Improvisador. O novo vilão do cinema para um mundo aterrorizado e com medo. Abraçar o personagem é fácil. Comparar, também parece. Mas os méritos de Jack prevalecem. Para mim, Nicholson será o Coringa que amendrontou uma geração. Ledger é o Coringa que trará medo à próxima. Portanto, não comparemos os vilões. Vamos apenas brindar mais uma excelente adição ao tumultuado mundo do Homem-Morcego.

A tempo: Quem será o Coringa da próxima geração?




segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Procura-se um novo clássico

O que faz um filme ser clássico? Não deve ser a falta de cores. Muito menos o estilo. Mas me pergunto, a cada sessão de cinema... Quando assistiremos ao próximo clássico do cinema?

Aceito qualquer gênero. Com qualquer ator ou atriz. Procuro um filme que marcará a geração atual. Um filme que nossos filhos imaginarão que seus pais tiveram a oportunidade de ver no cinema. 

O que faz um clássico? Será a grandiosidade de uma produção como "Titanic"? Bilheterias arrebatadoras como "Homem-Aranha"? Adaptações de clássicos literários como "O Senhor dos Anéis? Talvez seja a mudança de ritmo... Afinal de contas, Jason Bourne jamais seria Jason Bourne como o conhecemos, se suas aventuras fossem rodadas nos anos 50. O novo James Bond está aí para comprovar as mudanças radicais no personagem em 40 anos de série. Basta aproveitar a tecnologia dos DVDs e assistir em sequência "O Satânico Dr. No" e "Cassino Royale". Ou porque "Wall-e", um filme que tentou com todas as forças recriar a atmosfera clássica do cinemão hollywoodiano, causou tantos bocejos no público geral?

Sim. Talvez a resposta seja de fato a mudança de ritmo. A velocidade da cultura ao redor da sala de exibição... Talvez seja esta a explicação dos retornos dos personagens clássicos como Indiana Jones parecerem tão fora de tom. Talvez por isso, o Coringa lunático e medonho de Heath Ledger seja a nova definição de "vilão". E talvez por isso, Forrest Gump - o último personagem clássico - tenha perdido tanto espaço em meio aos tiroteios, perseguições de carros e lutas coreografadas. Não que eu vire a cara (pelo contrário), mas de vez em quando, é sempre bom, alcançar a prateleira no alto e rever a ingenuidade do maior papel de Tom Hanks mudar a cara da história americana.

Portanto digo: Procura-se desesperadamente um Forrest Gump. Um personagem que em meio a tanta barulheira consiga desmantelar (por acidente e insônia) um esquema de corrupção do governo, que possa ensinar ícones da música a rebolarem e que tenham um amor sincero, perdido pela explosão de uma geração. Encontrem este personagem. E ele já estará inserido em uma história arrebatadora. E provavelmente, se a cultura ao redor da sala de exibição permitir, encontraremos o próximo clássico. 

E para você, estimado leitor: O que faz um filme ser clássico?


Mais um Cinemático

Olá caros leitores!

Estou abrindo mais um espaço dentro do cinemático. No Blog do Cinemático iremos além das críticas individuais, para opinar sobre tendências, novidades e panoramas gerais sobre o que acontece no mundo do cinema. Cinema-pipoca, para ser mais exato. E sobre atualizações e novidades do site. O lado "blog", do blog do cinemático.

Como sempre, estarei aberto a sugestões, críticas, dúvidas, lamentações e afins para que a discussão flua melhor. 

Entrem e fiquem à vontade. 

Um abraço,

O Cinemátco