segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Why So Serious?

Com o lançamento de "Batman - O Cavaleiro das Trevas" em DVD, o que deverá render aos distribuidores uma fatia generosa para o natal, e com a temporada de indicações aos prêmios de 2008, a figura de Heath Ledger e seu amalucado Coringa volta à tona. E inevitavelmente, volta à tona também Jack Nicholson e o Batman de 1989. 

Para ilustrar a discussão a seguir, vou colocar duas frases, cada uma delas defensoras do que julgam ser o melhor dos dois Coringas:

-"O Coringa é uma pessoa inteligente. Ele é o típico bandido que sabe das coisas e que conhece seu oponente, e não um maluco com um revólver. Não gostei do Heath Ledger."

-"Esse (Heath Ledger) é o Coringa de verdade! Ele tem que ser louco. Cada vez que ele improvisa qualquer coisa, piora para todo mundo. Fazia tempo que não sentia medo no cinema."

A verdade, caros amigos, é que nessa discussão, terei de ficar em cima do muro. Digo isso, porque tenho grande apreço pelo personagem de Jack Nicholson. Ele criou um vilão louco à sua forma em uma época onde o maior vilão do cinema de super-heróis até então, era Gene Hackman e seu saudoso Lex Luthor, que convenhamos, não representava lá uma ameaça à altura de seu nemesis. E bastou uma risada para, além de marcar uma geração, perdurar por quase duas décadas em inúmeras listas de melhor vilão (em algumas delas, batendo Darth Vader e ameaçando até Hannibal Lecter). 


Mas era um Coringa à moda antiga. Um Coringa cuja definição de caos era invadir um museu e sujar obras de arte. Jogar dinheiro para o povo se atropelar e em seguida fazê-los inalar gás venenoso. Era um coringa que chocou uma geração, que lotava os cinemas há 18 anos atrás. 

Méritos de Jack? Com certeza.

E em 18 anos, o que mudou? Em 18 anos, tivemos o fim da Guerra Fria, diversos atentados terroristas, guerras, crises, assassinatos, deposições de governos e por aí vai. O conceito de medo mudou. A idéia do que nos assusta mudou. O Coringa de Jack envelheceu. Passou a ser um vilão caricato. Simples. Hannibal Lecter ganhou posições com as sequências de "O Silêncio dos Inocentes" e Darth Vader ganhou manchetes com a nova trilogia de Star Wars. E agora, o que fazer, Batman?

Batman se reinventa. Se torna sombrio. Com raiva. Um homem não apenas traumatizado pela morte dos pais, mas um homem que deseja vingança de um sistema judiciário falido, que premia os "espertos". Em sua primeira aparição, bandidos corruptos, um vilão mediano e ao final, um gancho surpreendente: A carta de baralho embrulhada em um saco plástico. Depois de toda aquela reapresentação beirando a perfeição, a introdução de última hora do vilão de outrora, reinventado. A sequência estava a caminho.

E então, o Coringa de Heath Ledger entra em cena. Louco. Desvairado. Caótico. Improvisador. O novo vilão do cinema para um mundo aterrorizado e com medo. Abraçar o personagem é fácil. Comparar, também parece. Mas os méritos de Jack prevalecem. Para mim, Nicholson será o Coringa que amendrontou uma geração. Ledger é o Coringa que trará medo à próxima. Portanto, não comparemos os vilões. Vamos apenas brindar mais uma excelente adição ao tumultuado mundo do Homem-Morcego.

A tempo: Quem será o Coringa da próxima geração?




2 comentários:

Leonardo Maturana disse...

Só pelo fato de criar as comparações e as disputas de quem é o melhor coringa, Heath Ledger já merece palmas. Poucos arranhariam o vilão de Jack, Ledger conseguiu mais que isso. Merece muitos méritos. Jack, deixamos a parte, é au concour.

Ouvi dizer que O cavaleiro das trevas vai voltar a ser exibido em cinema. Sem acrescimos ou extras. Deve ter a ver com lobby para o oscar. Mas que eu vou denovo, ah eu vou.

Unknown disse...

Sim, o Cavaleiro das Trevas voltará aos cinemas em Janeiro. Não apenas por Lobby, mas porque os produtores acreditam que com isso, eles conseguirão os US$ 4 milhões que faltaram para que o filme ultrapassasse a impressionante marca de US$1bi. E claro, para que semanas antes das indicações para o prêmio máximo do cinema sairem, todos pudessem rever a performance de Heath Ledger e tentar ganhar força para a indicação de melhor filme.

Alguém discorda da estratégia de marketing?