quinta-feira, 10 de julho de 2014

Homem ao Mar

Até o Fim
(All is Lost; EUA, 2013)
Dir: J.C. Chandor
Com Robert Redford
1h45 min - Suspense



À deriva, um enorme container flutua em alto mar no fim de uma tarde. Ouvimos em off, as palavras de um homem que lamenta o seu fim. E assim começa um dos filmes mais impressionantes do ano.

"Nosso Homem", como o protagonista é creditado, dormia dentro de seu veleiro quando acorda com um barulho. Em seguida, agua (e um tênis) invade o aposento. Lá fora, o tal container acertou em cheio o casco do barco, que começa a naufragar, arruinando todos os pertences e seus meios de comunicação com o continente. E por vir, uma tempestade massiva.

Resumindo: É o "Nosso Homem", contra as forças da Natureza. 

Devia ter trazido mais comida...
Falar sobre este filme é um ato que deve ser feito com cautela, para não entregar o que foi feito para fazer o espectador se agoniar. Portanto, falarei apenas o necessário.

Robert Redford, o único ator do filme, está espetacular no papel de um homem que parece cansado de tudo e que busca no oceano a sua paz interior. Seu tour de force encanta e capta a atenção do espectador, à medida em que, junto com o protagonista, mergulhamos no caos e na aflição da proximidade de um fim. 

E esse cansaço do "Nosso Homem", talvez seja um dos grandes trunfos que "Até o Fim" possua na manga. Em momento algum entendemos o que se passa na cabeça do protagonista, deixando o espectador a parte de qualquer decisão ou opinião sobre qual deveria ser o próximo passo. E quanto mais o filme avança, são menos os elementos disponíveis para as tomadas de decisões. Como numa regressão à total primitividade. 

Um suspense sufocante, brilhante, que passou despercebido nos cinemas brasileiros, mas já está disponível em locadoras e no Netflix. Se você tiver fôlego, coração e um pouco menos de duas horas de disposição, não perca a oportunidade.

Nota: 9,5/ 10

terça-feira, 1 de julho de 2014

Top 5 filmes de 2014 (Até agora)

Chegamos na metade de um ano muito, muito bacana para o cinema.

E enquanto tem muita coisa interessante para ser lançada até dezembro, já podemos selecionar alguns momentos memoráveis na telona, dentre os filmes que foram lançados aqui no Brasil esse ano.

Se eu pudesse assistir novamente a 5 desses filmes, eles seriam:

5 - Até o Fim


Robert Redford dá um show de interpretação na pele de um homem que fica à deriva no Oceano Pacífico, sem qualquer comunicação com o continente.

Um sufoco para quem assiste.

 4 - Nebraska


Esse é o perfeito exemplo do que um diretor habilidoso pode fazer com um história simples. Um road movie de pai e filho, que não precisaria de tradução, se não fosse pelas piadas tão elegantes.


3 - O Homem Duplicado

Um suspense de primeira, com um "final ame-ou-odeie" que ainda me assombra muito.

2 - Inside Llewyn Davis - Balada de Um Homem Comum


Irmãos Coen puro. Uma jornada folk calorosa, com um anti-herói sensacional.


1: Uma Aventura Lego

Ri, chorei e entrei numa espiral nostálgica durante e após a sessão deste Lego Movie. Obrigatório para quem brincou muito de qualquer coisa (inclusive de Lego) na infância.

-------

E que venha a segunda metade do ano! Bom cinema para todos nós...

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Peguei para ver: Elysium

Elysium
(EUA, 2013)
Dir.: Neill Blomkamp
Com Matt Damon, Jodie Foster, Wagner Moura, Alice Braga
1h41min - Ficção Científica/Ação


O futuro, no cinema - e nas séries de TV, porque não? - é sempre muito curioso. Tudo ganha proporções extrapoladas, com razão, em qualquer que seja o gênero do filme.

E quando se fala do futuro no cinema, essa extrapolação proporciona ao espectador, uma forma de compartilhar preocupações do mundo real sob a ótica da ilusão e do entretenimento. Especialmente quando não há propaganda, há apenas a contextualização.

Se há um diretor com uma veia política latente, como o caso de Neill Blomkamp (diretor de Distrito 9), essa contextualização fica ainda mais tátil e me arrisca a dizer, crível.

Em Elysium, a sociedade se dividiu. Os mais abastados, vivem numa estação espacial, onde conseguem se regenerar e viver a promessa de uma vida sem preocupações. Quem não pode viver lá, mora num planeta devastado, que é o caso de Max Da Costa (Matt Damon), um operário que sofre um acidente de trabalho e que irá precisar ir para Elysium para poder se curar.

Psiu... Fica quieto aí cara!
E falando em futuro apocalíptico, Elysium consegue entregar um conceito muito interessante. Muito do que se imaginou para a trama é crível. Porém, para quem esperava um discurso político afiado sobre a diferença de classes, provavelmente irá se desapontar. Ainda que grande parte do material publicitário do filme vendesse isso. O filme toma alguns desvios e prefere focar mais em ação do que em discussão. Não é necessariamente um erro, se primarmos pela veia da diversão, uma vez que o estabelecimento de heróis e vilões é bem claro e que a classe social dos personagens acaba por ser determinante nesse estabelecimento.

Quando falamos de trama, o filme desliza. Talvez personagens mais ambiciosos encurtariam a necessidade de tanto acaso para que o plano funcione corretamente. Ou ainda a tomada de certas decisões agilizaria todo o mais, transformando tudo em algo mais dinâmico. 

Quando foca na ação, o filme triunfa. Em especial quando avança para a segunda metade. Tudo muito bem orquestrado, apesar do excesso de slow motion. E um bom antagonista para o personagem de Matt Damon ajuda bastante, mas não é o suficiente para reforçar o time de antagonistas, liderados por uma Jodie Foster engessada demais.

O futuro, no cinema, definitivamente, já foi melhor desenvolvido. A sensação que fica é que Elysium falou bastante e falou de forma satisfatória. Mas não será lembrado por muitos, quando o futuro realmente chegar.

Nota: 6/10


quinta-feira, 24 de abril de 2014

Peguei pra Ver: Sem Dor, Sem Ganho

Sem Dor, Sem Ganho
(Pain & Gain; EUA 2013)
Dir.: Michael Bay
Com Mark Wahlberg, Dwayne Johnson, Anthony Mackie, Ed Harris
2h07 min - 16 Anos - Comedia/Ação


Há diversos modos de se contar uma história. Você pode escolher qualquer um. Mas, é claro, com bom senso, tudo fica, digamos, melhor de se ver. E bom senso é o que falta - e muito - nesse "Sem Dor, Sem Ganho".

O filme conta a história (inacreditavelmente real, como eu já disse) de Daniel Lugo (Mark Wahlberg, se divertindo a beça), um personal trainer que bola um plano estúpido para extorquir um cliente e tentar se safar na "terra das oportunidades". Para isso, conta com a ajuda de dois comparsas: O reformado Paul Doyle (The Rock, o único realmente divertido) e Adrian, outro personal trainer da academia de Daniel.

Oi, tudo bem?
Tudo bem, que a história é real. O roteiro esquisito e a direção desequilibrada de Michael Bay resultam em um filme que apoia todas as suas piadas no baixíssimo grau de inteligência dos protagonistas. O que funciona apenas nos primeiros minutos dos longos 129 de sessão. Daí para frente, tudo descamba para uma espécie de comédia tosca com testosterona de sobra, muitas frases de efeito e sem nenhum rumo.

Além disso, o diretor de ação Michael Bay, faz um filme com pouquíssimas cenas de ação. É uma tentativa de fazer comédia, utilizando seu estilo frenético e saturado característico dos seus outros filmes, o que resulta em cenas forçadas, sem graça e até com uma boa dose de mal gosto.

E por fim, na segunda metade do filme, entra uma quantidade inexplicável de novas informações, que se encavalam e deixam a coisa ainda mais confusa. Nem a entrada do personagem de Ed Harris salva a coisa toda a tempo. E isso significa sim, grande coisa.

Passe longe, se puder.


Nota: 2/10

segunda-feira, 17 de março de 2014

Silent: A Short Film

Belo curta, da Dolby, sobre a capacidade de criarmos histórias e nos aventurarmos numa sala de cinema.

Dolby Presents: Silent, a Short Film from Dolby Laboratories on Vimeo.