sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Família Soprano


Há alguns meses atrás, terminei de assistir em DVD a série "Família Soprano", produção do canal americano HBO (uma ótima referência para quem procura produções de qualidade). Demorei para concluir este post. Não sabia como abordar um seriado que por seis meses, me cativou. Sempre gostei muito de histórias sobre mafiosos, gângsters e pessoas que tem trabalhos arriscados com negociações truculentas.

Sempre exibida após o "horário nobre", devido à violência, diálogos pesados e conteúdo (bem) adulto. E com tudo isso, suas seis (premiadíssimas) temporadas levaram seu principal personagem, Tony Soprano à galeria das referências cinematográficas e seu intérprete, James Gandolfini, ao status de astro. Seus espectadores eram extremamente fiéis ao desenrolar da história. A crítica era unânime.

Silvio, Tony e Paulie: A "cabeça" da família.

Comecei a assistir. Fã da trilogia do "Poderoso Chefão", sabia que era preciso me atentar a nomes, lugares, referências. Não se dorme durante um episódio. Não se atende a um telefone, sem pausar. Era difícil ter fome ou vontade de ir ao banheiro. Eram 50 minutos em frente a televisão em que o mundo lá fora parecia parar.

A série, que tem inúmeras histórias paralelas, foca no dia-a-dia do cabeça da família: Tony Soprano é um homem truculento, rude, violento e acima de tudo, temeroso. Seus ataques de pânico o leva logo no início da primeira temporada a se consultar com uma psiquiatra. As brilhantes sessões com a Dra. Jennifer Melfi apresenta ao público que por trás daquela fachada de homem mau, há uma pessoa com problemas familiares (que se desenvolvem cada vez mais a fundo com o passar das temporadas) e traumatizada pela infância em cenários violentos, além da dominante mãe, que se arrasta seriado a dentro. Mas a grande sacada de todo o seriado é a aplicação de metáforas inteligentes, seja por sinais, seja por diálogos ou por meio dos sonhos e sensações que iluminam o espectador sem precisar dizer muito.

E se dentro de casa, são diversos problemas, o que dizer de sua "outra" família? Sua convivência em meio a rios de dinheiro, gastos exorbitantes com negócios obscuros, jogatinas e mulheres, não só lhe trarão problemas conjugais, como problemas de relacionamento com seus subordinados e civis que se envolvem com a máfia de Nova Jersey. Além disso, a máfia de Nova York se intromete cada vez mais, na disputa pelo poder regional. Tudo em nome do dinheiro e com base nos pactos de paz. E escondido das investigações que o FBI exerce sobre todo o cenário

Coleções de explícitas referências que vão desde os clássicos de Copolla a Gladiador. Cada personagem sabia o poder de fogo que tem dentro da família, conheciam os limites a serem respeitados e a consequencias de ser desobediente e irresponsável. Ações cometidas em um episódio ecoam por toda a saga. Diálogos que podem parecer fúteis se tornarão imprescindíveis para esclarecer as coisas futuramente. E não posso deixar de citar a guinada que as duas últimas temporadas trazem aos fãs. Novos e decisivos personagens entram em cena para trazer atos que influenciarão até, literalmente, a última cena.

Esperando Meadow...

E falando na enigmática última cena (que soube dividir opiniões): Por meio de uma crescente pressão que trava o espectador o forçando a revê-la muitas e muitas vezes, acaba por definir com perfeição, o que é "Família Soprano". Não vou contar absolutamente nada, porque acho que ela é uma das razões pelas quais vale o seu tempo em 84 episódios em seis temporadas. Mas adianto que ela é impactante, soberbamente dirigida, polêmica e inesquecível.

Família Soprano é facilmente um dos melhores seriados que foi disponibilizado em DVD. Fica a recomendação para os pacientes, para os fãs de seriados e para quem, acima de tudo, gosta de histórias complexas, inteligentes e de qualidade.


sábado, 21 de março de 2009

Remakes



Nada contra. Uma vez disseram que tudo na vida é cíclico. Tudo. E essa frase me atazanou por um tempo. Seria o cinema, também, cíclico?

Sim. É cíclico. Mas no cinema, não chamamos de ciclo, chamamos de remakes.

E quando falamos a palavra "remakes", dividimos em três categorias: As homenagens (onde a idéia inicial é trazer toda o conceito do filme original para os dias de hoje), as releituras (pensando numa nova "roupagem" para o filme, emprestando apenas a temática para injetar novas caras e tal..) e as refilmagens americanas, que após se renderem por um filme estrangeiro (para eles) resolvem fazer a versão vermelha azul e branca do original. Nada contra.

Sinceramente? Não gosto de nenhuma das idéias. Geralmente rendem filmes aquém do esperado com atuações presas dos personagens principais. Pensando alto: Um ator faz uma performance memorável. Décadas depois, o remake. O ator que interpretará a nova versão deste personagem, com certeza assiste o material original. E por toda a filmagem, ele terá esta interpretação na cabeça, além é claro, da pressão de fãs do original, as cabeças que jamais admitirão que a performance original será melhorada...

Tudo em um remake vive à sombra do filme original. Tudo será comparado. Tudo será analisado e então julgado se foi superior ou inferior. Talvez este tenha sido o motivo de Gus Van Sant cometer a refilmagem de Psicose. Copiar quadro a quadro, inserindo pouquíssimas idéias novas (além é laro, do elenco) para uma história clássica. 10 anos depois de lançado, quem levantar a mão e disser que Van Sant melhorou a obra de Hitchcock, pode ser fuzilado...

Neste momento em Hollywood, muitas refilmagens já estão encaminhadas. Dos três tipos. A que mais levanta suspeitas de uma catástrofe é a versão americana do neo-clássico Sul-Coreano "Oldboy", que por hora terá a direção a cargo de Steven Spielberg (o que na maioria das vezes anima) e o personagem principal interpretado por Will Smith. O que? Sim, Will Smith... Em termos de bilheteria, será a união de dois dos nomes mais lucrativos do cinema mundial. Resta saber agora se a crítica correrá ao lado do público, ou se a dobradinha renderá mais um fracasso de opiniões para Smith, que emplacou dois desastres (rentáveis) consecutivos.

E assim segue o cinemão. Vivendo de algumas pérolas novas, mas entre muita gente boa que está trabalhando hoje, ainda tem gente pensando em novas versões. Nada contra. Afinal de contas, tudo na vida é cíclico, certo?

E você, caro leitor? O que pensa dos remakes?

P.S.: Abaixo o trailer do Old Boy original (legendas em inglês).